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O 5G no Brasil: suas características promissoras e o que sabemos até agora sobre o leilão

Data da publicação: 8 de outubro de 2021 Categoria: Blog

Autor: Anderson de Almeida Evangelista, aluno de Engenharia de Telecomunicações da Universidade Federal do Ceará e bolsista do PET Telecom.

 

Imagem ilustrativa do 5G. Fonte: Tecmundo.. Acesso em: 03 out. 2021.

 

Introdução

E aí pessoal, esse é mais um blog do PET Telecom e, no blog de hoje, vamos falar de um assunto de grande relevância para engenheiros e futuros engenheiros de telecomunicações: a tecnologia 5G, a nova geração de internet móvel que, apesar de já estar presente em alguns países do globo (inclusive já até possuindo pesquisas voltadas para o 6G), no Brasil essa tecnologia ainda não foi efetivamente implantada e tudo está ainda para ser definido no leilão do 5G (embora algumas operadores utilizem a alcunha/ícone do 5G em alguns aparelhos celulares, isso se trata basicamente da utilização do 5G com as frequências já existentes ou até mesmo em um cenário de testes, mas para frequências superiores com uma rede específica de 5G ainda não existe de fato no Brasil. Vamos ver um pouco mais desse detalhe posteriormente), que já tem sido adiado diversas vezes. Porém, após esse período de várias alterações e incertezas na data de ocorrência do leilão 5G, recentemente a Anatel marcou para o dia 4 de novembro e agora esperamos que essa seja a data oficial (e se você estiver lendo este blog no futuro, creio que esse leilão já possa ter ocorrido e o 5G já esteja presente no Brasil, pelo menos assim esperamos).

 

Características básicas do 5G

Então, para falar um pouco mais do 5G no Brasil, é interessante falar primeiro sobre a tecnologia 5G em si, ou seja, suas características básicas. Para aqueles que já tiverem feito algum curso ou mesmo uma certificação em tecnologia 5G (alô Huawei), com certeza já estão bem familiarizados com isso. Apesar disso, é bom frisar que o 5G se apoia basicamente em três pilares, que na verdade estão relacionados com os principais desafios envolvendo o 5G, desafios esses que se tratam da busca por uma latência baixíssima, conexão suprema de dispositivos e um desempenho elevado.

Essa tríade, portanto, consiste no eMBB (Enhanced Mobile Broadband), que significa a melhoria da largura de banda, ou seja, busca-se obter uma largura de banda na faixa dos 10 Gbps, o que já é um valor bem considerável, levando em conta que estamos falando de redes sem fio; o URLLC (Ultra Reliable Low-Latency Communication), que como o nome em inglês já parece indicar, representa a baixíssima latência (e baixíssima mesmo, com algo em torno de 1 ms! E você aí lutando para jogar um jogo online com 200 ms de latência); e, por fim, o mMTC (Massive Machine Type Communication), em que aqui fala-se da possibilidade de computação massiva, com cerca de 1 milhão de conexões de dispositivos em uma determinada área, podendo chegar a cobrir uma cidade, uma região ou até mesmo um país.

 

Tripé do 5G: eMBB, uRLLC e mMTC. Fonte: Huawei Technologies Co.

 

Agora entrando na situação do Brasil e detalhando o que foi dito anteriormente de que o 5G até então ainda não está definitivamente presente no país, o que temos dessa tecnologia na verdade é o 5G DSS, ou seja, 5G Dynamic Spectrum Sharing (que em uma tradução para o português significa compartilhamento dinâmico de espectro. Essa tecnologia de 5G recebe esse nome pois se trata de um 5G que compartilha a capacidade das outras tecnologias de redes móveis já presentes no país, como é o caso do 4G, 3G e 2G. E devido a esse fato já temos uma diferença significativa do 5G tradicional, ou seja, o 5G que promete alta largura de banda (eMBB), computação massiva (mMTC) e baixíssima latência (URLLC), que destacamos no parágrafo anterior. Esses potenciais elevados não é algo que observamos no 5G DSS (essa característica de compartilhamento de espectros limita a capacidade esperada).

Então, para ficar bem claro, o 5G que por vezes vemos escancarados em estratégias de marketing das operadoras telefônicas no Brasil nada mais é que o próprio 5G DSS e embora essas mesmas operadoras façam uso dessa tecnologia, elas de fato tendem a garantir que não se trata do 5G tradicional, mas sim uma experiência primária do 5G, um gostinho da nova internet móvel.

 

Um histórico, evolução e desafios das redes móveis no Brasil

Beleza, nós sabemos que o 5G busca aplicar esses conceitos mencionados anteriormente e ainda mais características. Mas isso se restringe, por enquanto, a países que já possuem o 5G devidamente implementado, algo que, como já citamos, ainda não se verifica no Brasil de fato. Então aí já podemos citar um desafio primordial que vem sendo enfrentado pelo país (e que, mais uma vez, esperamos superar em breve). E quais seriam outros desafios a serem enfrentados para a utilização do 5G no Brasil?

Basicamente, falar dos desafios dessa tecnologia no Brasil nos leva de certa forma aos desafios enfrentados pelas comunicações móveis no país. Historicamente, a telefonia móvel se iniciou no Brasil em meados do ano de 1990 e sua utilização na época era mais restrito à população rica, visto que era um serviço que possuía custos bastante elevados, o que já significava que no começo o acesso a essas redes móveis era algo mais elitizado.

No entanto, essa situação vem mudando com o passar dos anos e hoje o acesso à internet, à telefonia móvel e até mesmo a um celular (que acaba se tornando o principal meio de acesso à internet pela população) em si já é algo bem comum no cotidiano dos brasileiros. Dados ainda desse ano (2021), indicam que todos os municípios brasileiros possuem acesso à internet móvel, segundo a Anatel, com cerca de 91,2% de acessos à rede 3G ou 4G. Porém um desafio nesse quesito refere-se ao fato de nem todas as áreas urbanas terem cobertura definitiva.

Quando levamos a situação para a pandemia, podemos perceber que algumas barreiras ainda estão presentes no acesso à internet no Brasil, em especial para a população mais pobre. No início da pandemia, milhares de pessoas não tinham acesso à internet e quando paramos para analisar a situação de estudantes, percebemos essa problemática de forma mais explícita, visto que, devido à pandemia, as aulas tiveram que se adaptar ao modelo remoto para garantir o isolamento social da população e enquanto pessoas pertencentes a uma classe social mais alta possuíam acesso contínuo à internet, o mesmo não se verificava a outras de classes mais baixas. Hoje, a situação parece estar melhorando, com o uso da internet no Brasil chegando a cerca de 81% da população.

 

Gráfico indicando a evolução do acesso à internet no Brasil dentre as diversas classes sociais. Fonte: G1. Acesso em: 02 out. 2021.

 

O gráfico logo acima representa que a evolução do acesso à internet no Brasil, felizmente, parece em uma tendência constante de crescimento. Com esse cenário positivo de expansão que o país vem apresentando, pode-se dizer que com a tecnologia 5G entrando em cena, o desafio expandir o acesso às redes móveis no país acesso à rede poderá melhorar bastante e acredita-se que com uma velocidade até maior do que as obtidas pelo 3G e o 4G. Esse desafio de superar as barreiras ainda presentes caberá ao 5G.

 

O leilão do 5G no Brasil

Mas toda essa discussão sobre o 5G no Brasil nos leva a um ponto importante: o leilão. Afinal, nada do que foi falado até então do 5G e os desafios que a tecnologia teria para resolver poderia ser devidamente aproveitado no cotidiano dos cidadãos se esse leilão não ocorrer (e esse leilão já foi adiado diversas vezes, como já dito).

Pois bem, desde 2019 que o leilão do 5G no Brasil vem sendo noticiado e o mesmo já passou por diversas alterações na sua data de ocorrência. Primeiramente, o leilão ocorreria em março de 2020 quando já no ano de 2019 as principais operadoras de telefonia do Brasil (Vivo, Claro, TIM e Oi) anunciaram que não pretendiam implantar o 5G em 2019 devido a algumas questões envolvendo cumprimento de metas a época e entre outras coisas.

Em 2020, vários impasses observados (incluindo a pandemia, um cenário que era imprevisto até então), como o atraso da avaliação, pelo TCU, do edital do leilão publicado pela Anatel atrasaram mais uma vez o leilão 5G. A data mais atual para a realização do leilão seria o dia 24 de outubro. Contudo, em uma reunião recente ocorrida com o governo e a Anatel, ficou acordado que o leilão ocorreria em novembro. Portanto, hoje (pelo menos até o momento de escrita desse blog) o leilão está previsto para ocorrer no dia 4 de novembro e, embora ainda não esteja definido quais empresas participarão desse leilão, o fato é que irá mobilizar grandes investimentos para adquirir as principais faixas de frequência disponibilizadas e melhorar a infraestrutura da tecnologia.

 

Conclusão

O leilão do 5G é algo interessante de se prestar atenção. Sendo assim, esperamos que com o passar dos meses até praticamente o fim do ano de 2021, as movimentações para a implementação da tecnologia no Brasil sejam positivas, para que ainda em 2022 tenhamos sim o aguardado 5G convencional cobrindo as capitais brasileiras, não o 5G DSS que comentamos anteriormente.

E é isso aí pessoal, esse foi mais um blog do PET Telecom! Esperamos que tenham gostado do conteúdo. Não esqueçam de nos acompanhar nas redes sociais para receber mais novidades e conteúdos do Blog do PET, que é postado aqui no site. Até a próxima!

 

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